sábado, 24 de setembro de 2022


HOJE VALORIZA-SE OU NÃO 

A EXPERIÊNCIA DO CUIDADO ?

   

QUESTÕES PARA REFLETIR:


1. Vivemos hoje em sociedades nas quais se apela ao cuidado de cada um consigo mesmo e  com outrem? 

   1.1 Se sim, quais são os tipos de cuidado que culturalmente são mais valorizados? 

   1.2  E quais os que são menos valorizados?

   1.3 Existem condições igualitárias para todos os indivíduos terem acesso a técnicas de cuidado de si mesmos?

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2. Ou pelo contrário, os indivíduos não são estimulados socialmente a exercerem o cuidado,  ou seja, este não é um tema fundamental nas sociedades atuais?

   2.1 Hoje, não interessa valorizar o cuidado, porque os grandes intresses são produzir,  consumir, lucro, sucesso, riqueza material?

   2.2 As sociedades são injustas porque não valorizam de igual modo os indivíduos e porque não promovem a solidariedade, por isso apenas alguns (os mais favorecidos) têm condições para cuidarem de si.

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TEXTO PROPOSTO PARA ANALISAR E COMENTAR:


    Na chamada Pós-Modernidade, em diversas sociedades e de modo crescente, sob o intenso impulso da neoliberalismo político e sobretudo económico, que tem proliferado em sociedades massivamente tecnológicas, os indivíduos têm sido formatados para produzirem e consumirem, de acordo com interesses de poderes conómicos e políticos. E se estes valorizam o cuidado de saúde física e mental dos indivíduos, é para que precisamente tragam vantagens a tais poderes: serem os indivíduos mais eficazes enquanto produtores e consumidores, mesmo que lhes seja dito que é bom ser saudável, é bom ser feliz, é desejável o bem-estar, a sua liberdade é muito valorizada.   (Adelino Ferreira)

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Uma palestra de

BERNARDO TORO

(filósofo e pedagogo colombiano)

no TEDx - Amazónia (10-5-2011)


https://www.youtube.com/watch?v=7oUUTuOx3eU&t=394s

2 comentários:

  1. Não valorizamos o cuidado de nós, apenas dos outros.
    Sinto que nós somos os outros quando cuidamos deles e eles somos nós quando se transformam. Ambos damos e ambos contribuímos com experiência e sabedoria da experiência. Gostava de saber e querer saber de tudo um pouco. Contudo, para cuidarmos teremos que abdicar de tempo para nós próprios e, portanto, o conceito arte de viver sobrepõe-se ao como se deve viver para estarmos tranquilos e omnipresentes em locais que amamos e com pessoas que amamos? Não é verdade, não no todo, mas em parte.
    Carla Silva

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  2. Ao longo da passagem do tempo temos vindo a assistir à mutação da forma de apropriação que o sujeito faz da sua própria identidade enquanto pessoa. Mas se crescentemente tomamos consciência de que somos um "eu" responsável pelo cuidado de si, apercebemo-nos realmente de que existe necessidade de refletir àcerca da forma desse próprio cuidado? Cuidamos hoje verdadeiramente de nós, ou limitamo-nos a alimentar o nosso próprio egoísmo? Será egoismo cuidarmos de nós? ( Questões sem dúvida pertinentes) Mas e então e o outro? Será que cuidamos verdadeiramente do outro ao cuidarmos dele, ou ao cuidarmos de nós? Ou ainda em ambas as circunstâncias? Ou em nenhuma?
    Talvez sejam estas as questões que afloram à superfície ao refletirmos sobre o cuidado. No entanto, podemos, voltando a relacionar a experiência e o conceito de cuidado com a compreensão natural do que é o nosso ser "eu", pensar o seguinte: A forma como hoje se pensa nas nossas sociedades o próprio conceito de pessoa e da sua dignidade, influi e muito na nossa própria compreensão do que é a experiência do cuidado. Naquilo que, no fundo, acreditamos ser a desformalização do conceito de cuidado de si.
    Numa sociedade em que se fomenta a autosuficiência e os pequenos egoismos mascarados de cuidado de si, haverá verdadeiramente noção da essência do cuidado de si, como este se apresentava aos antigos? Talvez haja, talvez não. Talvez dependa em muito dos valores de cada um, assim como da capacidade individual de flexão sobre si próprio, autoconsciência e noção de "alter" a par da noção de "ego".
    Vale a pena pensar de forma observante a mutação que o próprio conceito de cuidado tem sofrido, e a forma como esta mutação acompanha e influencia a nossa própria noção de ipseidade e alteridade que se transformam cada vez mais imediatamente, moldando, no fundo, o que entendemos que é, de facto, cuidar de nós!
    Se o sujeito não se apresenta mais perante si e perante cada uma das expressões de "outro" como se apresentava antes, será que compreende hoje o cuidado como este se afigurava antes? Cabe a cada "eu" decidir por "si" :-)

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