domingo, 20 de novembro de 2022


COMO VIVER HOJE ESTOICAMENTE?


O principal sobre a vida é isto: distinguir e separar as coisas e dizer: ‘As coisas exteriores não estão sob meu encargo, a capacidade de escolha está sob meu encargo. Onde buscarei o bem e o mal? Nas minhas coisas.’ Quanto às coisas de outrem, jamais as chames de boas ou más, benéficas ou nocivas.” 

( Epicteto, Diatribes, 2-5, 4-5 )

(Epicteto (50 d.C. - 138) foi um mestre do estoicismo do período romano)


1. Epicteto aconselha a realizarmos um sério discernimento ético sobre a  demarcação entre interior e exterior, dito de outro modo, entre o que está sob o poder individual e o que está fora desse poder, entre o que depende de nós e o que não depende (ainda que possa parecer). Temos aqui a primeira tarefa ética: aplicar a razão para perceber os nossos limites. Pode parecer fácil, mas talvez não seja. Não é claro à partida o que consideramos ser o nosso poder, por muitos motivos: não nos conhecemos suficientemente, estamos em constante mudança, criamos ilusões e somos iludidos sobre o que de facto podemos, etc. O reconhecimento dos limites é, então, uma aprendizagem frágil, contraditória, mas inevitável (não pode ser descartada).

2. Epicteto associa o interior às experiência da escolha: apenas o indivíduo pode escolher (ainda que, eventualmente, escolha não escolher); se outros escolhem por ele, então a escolha não é dele, ou seja, ele não escolheu, é-lhe exterior. Já sabemos que o ato de escolher pressupõe a liberdade da vontade (o livre arbítrio). Numa dada situação, delimitado pelas circunstâncias ou condicionantes, cada indivíduo exerce a sua liberdade precisamente na justa medida em que escolhe no seu interior e expressa a escolha a outros indivíduos. Também, sabemos que as escolhas não são neutras, pois projetam consequências, abrem caminhos para o futuro numa espécie de rede de sentidos (uma certa lógica de escolhas com afinidade entre si): por exemplo, furtar algo que não me pertence potencia-me para um sentido de ilegalidade, aliás de criminalidade, pode tornar-me delinquente. Por conseguinte, as escolhas estão ligadas a outra separação com mais intensidade ética: a distinção entre o bem e o mal. Se escolher fosse indiferente, sem consequências benéficas ou nocivas, para mim e para outros indivíduos (incluindo a Natureza), não haveria problemas. Pelo contrário, o que e como escolho não tem nada de neutro, sobretudo em certas circunstâncias - naquelas em que eu mesmo ou os outros são beneficiados ou prejudicados.

3. Entre várias dificuldades da escolha está a de escolher apenas o que se pode mesmo escolher. Por vezes, talvez escolhamos o que, afinal de contas, é inevitável: por exemplo, alguém pode pensar que pode escolher sonhar (enquanto dorme), mas isso não está ao seu alcance; ou pode pensar que pode escolher adormecer, mas também isso não está ao seu alcance; ou que pode escolher ser cidadão duma sociedade ocidental, mas isso não está ao seu alcance e, se poder vir a alcançar a cidadania dum país não ocidental (por exemplo a Rússia), ainda assim não deixará de pensar completamente como um cidadão ocidental. O Estoicismo apela à sábia aceitação pacífica, sem resistência para não sofrer demasiado, daquilo que é inevitável (utiliza a ideia de "necessidade") - tudo o que não está ao alcance ou no poder de cada indivíduo, seja da Natureza ou da Sociedade. Para quê lutar contra o que não pode ser vencido?!

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DESAFIO:


O que é que tudo isto tem a ver comigo, connosco, hoje ?!

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Não original (extraído da Internet)

Não original (extraído da Internet)
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Entre várias propostas de apresentação histórica do Estoicismo (filosofia estoica) e do seu valor, incluindo os nossos tempos, fica aqui a sugestão seguinte:





O que podemos esperar da Filosofia?

 Pode a Filosofia ajudar-nos a VIVER MELHOR ? 

Arrisco dizer que cada filosofia, no seu próprio estilo, pode contribuir para organizar critica e argumentativamente o pensamento. 

Ora, se é muito discutível aceitar que seja possível viver sem pensamento crítico e argumentativo (pelo menos num grau reduzido), então é plausível considerar que, mais ou menos, da filosofia de cada filósofo há de ser possível extrair implicações para pensarmos e agirmos de modo diferente: com mais consciência crítica, com mais fundamentação, com mais criatividade, com mais liberdade.

Na senda deste horizonte de possibilidades colocadas pela Filosofia, passarei a tomar de empréstimo algumas frases de filósofos estoicos (a filosofia estoica remonta ao século IV antes de Cristo, na Cultura Grega), a partir das quais farei as minhas reflexões apenas para provocar os comentários de quem quiser partilhar algumas ideias (a favor ou contra), que representem a possibilidade de iluminar filosoficamente a vida.

Com intuito meramente sugestivo, chamar-se-á:

COMO VIVER HOJE ESTOICAMENTE?

quinta-feira, 17 de novembro de 2022

DIA  MUNDIAL  DA  FILOSOFIA  

Desde 2002, em que a UNESCO (Agência da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), instituiu a terceira quinta-feira de novembro DIA MUNDIAL DA FILOSOFIA, todos os anos, em muitos países, nas mais diversas formas e em diferentes setores da sociedade, sobretudo na educação e na cultura, continua a dedicar-se especial atenção à valorização da Filosofia nas sociedades humanas. 
Neste ano, celebra-se hoje, dia 17 de novembro.

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     A Filosofia é muito mais do que aquilo que conhecem pela disciplina escolar com o mesmo nome; é um dos saberes mais antigos, que se formou no século V a.C. (antes de Cristo), no tempo de Sócrates (como já sabem). Muitos são os argumentos para justificar a tese sobre a importância individual e coletiva da Filosofia ao longo dos séculos, em diferentes épocas históricas, desde a Antiguidade grega, latina e cristã, passando pela Idade Média, pela Modernidade, até à Contemporaneidade (ou Pós Modernidade). Genericamente, a Filosofia contribui para estimular e desenvolver o pensamento crítico, argumentativo, autónomo e inovador, contra dogmatismos, insensibilidades culturais, ignorância, autoritarismos ideológicos. 
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ARTIGOS EM DESTAQUE:

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VÍDEO EM DESTAQUE:


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Vem a propósito citar o lema do Iluminismo, na versão do filósofo Immanuel Kant:

ATREVE-TE A PENSAR !!!

E deixa aqui os teus comentários filosóficos,
no exercício da tua autonomia, liberdade e criatividade !